Um sitiante conhecido como “Caboclo”, de Mineiros do Tietê (região de Jaú), encontrou uma planta na beira de um carreador. Ela se diferenciava das demais pelo vigor vegetativo e produtividade. A partir das sementes daquele cafeeiro – provavelmente resultado de cruzamento natural da qualidade de café Bourbon com Sumatra – formaram-se alguns cafezais no mesmo município.
Em 1928, sementes foram trazidas para Urupês e, em 1943, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) iniciou pesquisas, após ser informado da existência de cafezais excepcionalmente desenvolvidos, bem ramificados e produtivos, na fazenda Aparecida, de Luís Crivellaro, e no sítio Bacuri, de Pedro Mázaro.
Esse café foi denominado de “Mudo Novo” e introduzido em várias regiões paulistas e no Paraná, imediatamente após Getúlio Vargas ter autorizado o plantio (anos antes, proibira a expansão cafeeira). O urupeense Pedro Mázaro foi o principal responsável pela difusão da planta. Em seu sítio, formavam-se filas de interessados em obter sementes desse novo café. Houve uma “revolução” na cafeicultura nacional, pois naquela época dominava a qualidade Bourbon e existiam outras qualidades, mas todas pouco produtivas.
Em Votuporanga, Fernandópolis e Jales, o Mundo Novo expandiu-se em pouco tempo e novas cidades foram surgindo e se desenvolvendo. Edison Rolim, ex-prefeito de Fernandópolis, certa vez afirmou: “Não fosse esse café, a alta araraquarense não seria hoje tão próspera e com cerca de mais de 80 municípios. O café Mundo Novo também enriqueceu e povoou outras regiões”.
Nesta época, essa nova qualidade foi melhorada pelo IAC. Cerca de 80% das plantas existentes no país eram originárias de Urupês. Os 20% restantes eram Catuaí, que dominou a região de Franca, Altinópolis e Minas Gerais, onde o clima é mais ameno e a altitude acima de 600 metros. No Espírito Santo, dominou o café Africano. Em São Paulo e no Paraná, a quase totalidade era o Mundo Novo.
O agrônomo e pesquisador do IAC Alcides de Carvalho relata, em trabalho divulgado em 1952, que a Comissão de Café do IAC resolveu dar a essa qualidade a denominação de café Mundo Novo, em homenagem ao município que o difundiu.
O maior orgulho de Urupês é ter difundido o Mundo Novo. Até a década de 70, quase toda área rural do município era ocupada por café, mas os preços desestimulantes, a geada de 1975 e outros fatores levaram os cafeicultores a iniciar a diversificação. Hoje, Urupês produz limão, pastagem, manga, goiaba, granjas de aves etc.