Aluna de Urupês é campeã em concurso de redação da TV TEM
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A aluna Dariana foi uma dos 32 mil alunos que participaram do Concurso. Ela conseguiu a primeira colocação na categoria Crônica. Na foto, Dariana aparece com a mãe e a professora e orientadora.
Publicado em 26/10/2017 00h00
A aluna urupeense Dariana Maria Silva Paulino, do nono ano do ensino fundamental, da escola municipal Profº. Athayr da Silva Rosa, conquistou o primeiro lugar no Concurso de Redação realizado pela TV TEM na categoria crônica, competindo com alunos de 242 escolas pública e privadas de 77 cidades da região de São José do Rio Preto.
O anúncio, recheado de mistérios e emoção, foi feito na última quarta-feira (24) em evento realizado pela TV TEM no teatro do SESI de São José do Rio Preto, contando com a presença de centenas de pessoas, dentre os quais, alunos de Urupês, amigos de Dariana, da professora e orientadora Rosilene Aparecida da Silva Jacomini e de outros professores e coordenadores da escola, assim como da diretora, Adriana Regina Carnielo de Carvalho. Além deles, também estiveram presentes a assessora de Cultura de Urupês, Nenica Roman, a Secretária de Educação do município, Cleudia Ettruri, a vice-prefeita, Maria Luiza Giampani, e o prefeito Bica.
O segundo lugar da categoria ficou para a aluna Mariana Dattorre Garcia do Colégio de Ensino Privado Dom Bosco de Monte Aprazível. O terceiro lugar foi da aluna Bianca Indalécio Lourenço da EMEF Profª. Maria Franco de Souza Penariol, da cidade de Paraíso.
Com a chegada a Urupês, professores e coordenadores do colégio organizaram uma carreata pelas ruas da cidade para parabenizar a aluna pela conquista ímpar.
Emocionado, o prefeito Bica disse: “as conquistas que Urupês tem na área da educação só me fazem ficar mais orgulhoso do ensino que temos em nossa cidade. São alunos brilhantes, professores dedicadíssimos e toda uma equipe que sustenta e dá possibilidade para os alunos alçarem voos cada vez mais altos”.
Você confere todas as fotos da premiação clicando aqui.
Neste ano, o concurso de redação foi dividido em quatro categorias: “Desenho” (para alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental), ”Poesia” (para alunos do 4º e 5º anos), “Narrativa de Aventura”, (para alunos dos 6º e 7º) e “Crônica” (para os alunos do 8º e 9º anos).
Foram 32 mil alunos participantes do concurso em 2017, que desenvolveram seus trabalhos segundo o tema “Fazer o Bem Sem Olhar a Quem”. Os alunos vencedores receberam prêmios como notebooks, desktops e tablets. Já os professores ganharam leitores de livros digitais e as escolas, televisões de 32 polegadas.
A redação de Dariana não foi a única produção urupeense enviada ao Concurso. O aluno Gustavo Santana do 7º ano B foi campeão da fase escolar na categoria "Narrativa de Aventura" com a redação “Nas águas dos bons valores”, que você também por ler, clicando aqui.
Abaixo, você acompanha a redação de Dariana na íntegra:
***
O bem que não está na casca
Arregalo os olhos e vejo o céu: o sol já acordou. O dia começa e só o percebo pela movimentação dos carros e dos transeuntes nas ruas. Ah, sim... e também por esse cheiro. Forte, amargo, quente... café. As portas da padaria já se abriram e delas sai a instiga de um café quentinho com um pão macio. Hummm... a barriga implora, mas, como sempre, terá que aguentar.
“Olhe só, que cambada de preguiçosos! Todos ainda jogados no chão, dormindo!”, ouço daquelas pessoas que passam ao meu lado. Outras me olham, dizem “bom dia”, outras nem dizem. Algumas fingem não me ver, desviam o olhar, mostram seus rostos sérios. Levanto e vou para a outra esquina. Os carros estão inquietos. Uns vem de lá, outros vem de cá e assim parece nunca parar. Uma criancinha com uma mochila nas costas atravessa a rua. O pai a arrasta com força. “Não quero, pai, não quero ir para escola!”. O pai parece estar sem paciência. Ele me olha. “Vamos logo, menino, olhe para aquele homem. Quer ser igual a ele? Mendigar pelas ruas, não ter emprego, nem ao menos saber ler e escrever?”. O garoto me olha, assustado. Finjo não ouvir e continuo andando. “Vá para a escola, menino”, foi o que consegui dizer, para mim mesmo, enquanto o pai continuava a arrastá-lo para depois da esquina. Eu já havia me acostumado.
Depois de andar algumas ruas, chego em uma praça. Sento num banco e espero por Luísa: uma moça bonita e muito bondosa que ajuda moradores de rua, dando comida logo de manhã. Todos os dias ela aparece na praça: sorridente e carregando muitas sacolas, cheias de comida. Ao ver o sorriso dela, volto a tempos passados e assemelho o formato de seu riso com o de meu filho... Filho meu que há muito tempo não vejo...
“E lá vem ela”, penso eu, enquanto Luísa chega depois de conversar com outros mendigos. Ela me entrega um saco com três pães, uma maçã e um punhado de castanhas ainda com cascas. Olho para ela e vejo um semblante de dúvidas: “Ela vai me fazer perguntas”, e então faz. “Sabe, há muito tempo venho aqui. Dou comida para vocês. Mas, todos nós temos uma história. Qual é a sua? Por que está aqui?”
Dou um longo suspiro, e então digo: “Hoje uma criança sentiu medo de mim por seu pai me menosprezar, por eu ser um mendigo. Essa criança era meu neto.” Luísa me fita. “Por que acha que aquele homem é diferente ou melhor que você?”. Ela pega uma castanha e consegue abri-la facilmente. Em uma mão separa as cascas e na outra a castanha. Volta a me fitar e logo diz: “Somos cascas e por dentro carregamos o mesmo fruto. É por isso que faço o que faço.” Ela joga as cascas no lixo e mete a castanha na boca.
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