Caminhada pelo Fim da Violência contra a Mulher reúne cerca de 180 pessoas em Urupês

A Caminhada pelo Fim da Violência Contra a Mulher reuniu cerca de 180 participantes nas ruas centrais de Urupês na manhã de sábado (6).

O evento também marcou a participação de Urupês na campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, reforçando o alerta sobre violência doméstica e lembrando o caso de Gleice Mara Venâncio, urupeense morta em 2017 após histórico de agressões.

A concentração ocorreu no Parque Municipal Mário Covas. Os participantes seguiram pelo centro da cidade distribuindo panfletos informativos aos transeuntes com orientações sobre canais de acolhimento e denúncia. A ação mobilizou pessoas de diferentes faixas etárias e recebeu grande engajamento nas redes sociais.

Estiveram presentes o vice-prefeito e diretor do Departamento de Desenvolvimento Social, Rafael Isique Carvalho, e o promotor de Justiça de Urupês, Edson Tonini de Oliveira, além de servidores municipais, membros de diversas academias, e pessoas da população em geral.

Antes do início do percurso, a chefe da Divisão de Assistência Social, Juliana Zocante, apresentou aos participantes o contexto da mobilização e relembrou a trajetória de Gleice Mara Venâncio. A mãe de Gleice, Neusa Vicente, participou do ato. “Este é um momento de união, coragem e compromisso. Caminhamos pra dizer de forma clara que a vida das mulheres importa”, afirmou Juliana.

Rafael Isique agradeceu a colaboração da população, destacando que os mais de 170 litros de leite arrecadados serão destinados às obras da Sociedade São Vicente de Paulo e da Associação Espírita “Matheus”. Pessoas que contribuíram receberam a camiseta oficial da caminhada, totalizando 170 unidades distribuídas.

Durante a ação, também houve depoimentos de participantes. Adriana Regina Carnielo de Carvalho, diretora da escola em que Gleice trabalhava, lembrou a dedicação da ex-servidora. “Gleice era uma pessoa extraordinária. Uma pessoa caridosa, alegre, a alma viva da escola Athayr que estava sempre disposta a fazer tudo que a escola precisasse. Uma profissional ímpar que deixou muitas saudades”.

Já a participante Ducheli Ferrari reforçou a importância de debates permanentes sobre violência doméstica. “É muito importante ter eventos de valorização na cidade, porque, quando mais visibilidade a gente dá pra cusa, mais funcional ela é. É importante que todo mundo veja que acontece. Às vezes uma pessoa que está do seu lado está passando por algum abuso, alguma violência e às vezes não tem coragem de falar”.

A caminhada encerrou conduzindo o público de volta ao parque, após aproximadamente 30 minutos de percurso, reforçando a mensagem de enfrentamento e de incentivo à denúncia de situações de violência.

Dados em Urupês

Dados do Painel de Violência contra a Mulher do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) indicam que 105 processos e procedimentos relacionados à violência contra a mulher foram registrados em Urupês entre janeiro e setembro de 2025. Desde 2020, o total acumulado é de 594.

Contudo, acredita-se que esse valor seja altamente subnotificado. Segundo o Instituto DataSenado e o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), a subnotificação policial pode chegar a 61%, considerando mulheres que relatam violência, mas não procuram a delegacia.

Pesquisa de 2023 realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), University of Washington (EUA) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estimou que, no Brasil, a subnotificação atinge 98,5% nos casos de violência psicológica, 75,9% na violência física e 89,4% na violência sexual. Considerando essas taxas, o número real de casos em Urupês nos últimos seis anos pode ter se aproximadode3mil.